segunda-feira, 7 de julho de 2014

Renovar a esperança


No dia 3 de Julho, foi lançado no Museu de São Roque o livro, RENOVAR A ESPERANÇA.
Este livro resultou do trabalho realizado pelo programa Intergerações nas ruas de Lisboa e pretende ser um retrato fiel do idosos isolados que vivem na nossa cidade.
 
Reproduzo a minha breve intervenção de apresentação e publico aqui no blogue, na íntegra, o livro para que todos possam consultar.
 
EX.MO SENHOR PROVEDOR, Dr. Pedro Santana Lopes

Ex.mos Senhores membros da mesa da Santa Casa da Misericordia de Lisboa

Ex.mos Senhores Vereadores da Câmara Municipal de Lisboa

Caros colegas, membros desta Equipa Santa Casa

A todos os presentes, amigos e convidados, parceiros deste programa, o meu muito obrigado pela vossa presença.
Permitam-me um cumprimento especial aos elementos da Equipa Intergerações aqui presentes. Este é o vosso momento.
Ex.mo Senhor Provedor
Começo por agradecer a oportunidade que nos proporcionou de desenvolver este projecto.
Agradecer ainda mais a confiança demonstrada, quando depositou em nós a responsabilidade de interpretar a sua ideia e a sua visão e nos permitir transforma-la neste programa que designámos Intergerações.
Ex.mo Senhor Provedor
Alguns meses depois de ter assumido os destinos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), V. Ex.ª idealizou as bases de um programa inédito, no qual equipas, constituídas por jovens recém-licenciados, desempregados, iriam procurar por toda a cidade de Lisboa os idosos a viverem sós e em situação de isolamento.
Surgiu assim o programa Intergerações.
Num momento em que as condições de vida se complicam e o isolamento social se intensifica, resultou determinante para todos os que lidam e se preocupam com estas áreas de intervenção, que é imperioso conhecer onde e como vivem os nossos idosos, sabermos quais as suas necessidades mais prementes e as suas legítimas aspirações face ao futuro.
Procurámos fazer um diagnóstico sério e rigoroso sobre os mais velhos dos nossos concidadãos.
Procurámos construir um instrumento de trabalho futuro, de prevenção que nos permite o acompanhamento dos casos mais delicados e com necessidade de intervenção mais atenta e cuidada.
Foram 100 dias muito intensos, de muito trabalho, dedicação e também sofrimento.
Bairro-a-Bairro, Rua-a-rua, Casa a casa…, tentando ter sempre presente a preocupação manifestada pelo Senhor Provedor – “E mesmo que estejam já muito cansados, não se esqueçam que lá em cima, no último andar, pode estar um idoso a precisar de nós”.
Procurámos romper com conceitos tradicionalistas de abordagem. Assumimos este trabalho com o necessário espirito de missão e de entrega.
Não esperámos pelo contacto, fomos ao encontro.
E nesta cidade plena de contrastes, deparamo-nos com muitas situações indiscritíveis, inaceitáveis e intoleráveis;
É certo que a pobreza afecta profundamente este estrato da nossa população mas, acima de tudo, é a solidão e o isolamento que determinam o modo de vida de muitos dos nossos idosos.
Conhecemos idosos que, nos últimos 7 anos, não saíram uma única vez de suas casas.
Ouvimos muitas histórias. Conhecemos muitas vidas, muitas realidades.
O Programa Intergerações procurou sempre ser um programa “aberto” à cidade.
Contou com a preciosa colaboração de entidades públicas e privadas, o envolvimento do movimento associativo, as paróquias, as IPSS’s, o comércio local… as pessoas que se mostraram sempre disponíveis a ajudar…
O Intergerações juntou duas centenas de parceiros! Todos, de uma forma ou de outra, se tornaram membros desta grande equipa.
Este envolvimento de uma parte significativa daqueles que “fazem a cidade” quotidianamente, foi outro dos motivos pelos quais este programa foi tão bem sucedido.
O que apresentamos neste trabalho não é mais do que a narrativa dos acontecimentos e a demonstração inequívoca dos números.
Porém, assumimos um desejo:
O de que este trabalho possa ser útil
A todos aqueles que trabalham com esta população;
Aos que tem de tomar decisões determinantes nesta área de intervenção;
Mas, fundamentalmente, aos muitos idosos que vivem nesta nossa cidade de Lisboa e que dela fazem parte integrante!
Esperamos que este nosso pequeno contributo possa mudar algo nas suas vidas.
Termino com uma frese de um dos elementos da equipa, aliás reproduzida no livro:
“E, no fim, ela agradeceu-me com um brilho nos olhos por aquele bocadinho tao bem passado que, disse ela, lhe fez tão bem!”
Que este bocadinho seja por todos “bem passado”
Que a todos “faça bem”
E que nos anime nas nossas tarefas de todos os dias, porque lá fora, há muita gente que precisa de nós!

Obrigado

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